sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Talvez o amor real se resuma a este perpétuo exercício de humildade que é dar e receber, com conta, peso e medida, tentando não cair na tentação de cobrar. Os cobradores de amor são ainda mais sinistros do que os cobradores de impostos. Quem está sempre a cobrar não conhece as regras básicas do jogo amoroso. Mais importante do que falar, é agir. Mais eficaz do que explicar, é dar o exemplo. E mais interessante do que repetir sempre as mesmas queixas, é escrevê-las e pendurá-las na parede. Já dizia a Yourcenar: «A palavra escrita ensinou-me a ouvir a voz humana». As pessoas ouvem as mesmas coisas melhor se forem ditas por outras pessoas ou escritas. (...)

É preciso parar para pensar e pensar antes de agir, de protestar, de cobrar. Sem empatia, é impossível construir o amor. A empatia é a capacidade de perceber o que o outro sente, o que o outro quer, o que o outro precisa, sem impor o que acreditamos ser o melhor para ele. Amar alguém é como dar a mão, mas sem forçar; às vezes é preciso puxar para cima, outras vezes é melhor largar e deixar que o outro siga por onde quer, mesmo sabendo que ele se vai enganar e voltar atrás. (...)

Amar é um jogo de sentidos e de poderes, é preciso ser humilde e generoso para o ganhar, todos os dias um bocadinho, com esforço e entendimento, sem medo de falhar. Se assim for, ninguém perde e ganham os dois.

MRP in "Exercicios de hulmidade"

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