sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Haiti Vs Comunicação Social

1.Nós podemos visionar imagens do Haiti durante meia-hora, e, mesmo assim, podemos ficar sem uma ideia fidedigna sobre aquilo que se está a passar no Haiti. O nosso raciocínio é feito com palavras e números. Ora, ao ser baseado na imagem, o telejornal apela sobretudo à emoção. É por isso que os ditos telejornais - na CNN ou na Al Jazeera - tendem a ser irracionais e emotivos. Sem os jornais em papel, os telejornais levar-nos-iam para a idade média.

Slow motion a pedir lágrimas

2. A face mais negra desta desinformação da TV surge durante as grandes catástrofes. Os repórteres acham que têm de mostrar o "homem sensível" que está antes do "jornalista". E, por isso, começam a adjectivar tudo. Como se a morte e a tragédia precisassem de adjectivos.

Há dias, atelevisão portuguesa passou uma reportagem sobre a desgraça haitiana que tinha partes em slow motion, que, ainda por cima, estavam acompanhadas por uma banda sonora a pedir choro. Colocar um violino lamechas em cima de uma fractura exposta é pornografia emocional, meus amigos. E é também um enorme desrespeito pelas pessoas que estão, de facto, a sofrer com aquela calamidade.


"Fazer reportagens lamechas sobre a desgraça alheia é pornografia emocional. E é, sobretudo, falta de respeito por quem está a sofrer." Henrique Raposo in Expresso

Sem comentários: